Uma ecografia. Uma notícia feliz. Culpa minha e que feliz estou. Às tempestades seguem-se os dias doces, âncoras num mar agitado.
Everyone knows that Stephen King was a janitor and Ransom Riggs shared creepy old photos on mentalfloss.com. What did some other famous writers do before their big breaks?
Deve ser bruxedo. Ou brincadeira. As administrações dos portos e de quase todas as empresas públicas de transportes estão sem mandato. O caso piora com greves paralisantes na Navegação Aérea, TAP e CP. Querem exportar? Receitas turísticas neste Verão? Privatizações? Lamentamos, para o ano há mais. Se houver.
Semana de fechar assuntos, arrumar gavetas. Faço um telefonema para resolver a bem um problema e saí-me na rifa uma ameça de processo no tribunal. Como a razão está inteiramente do meu lado (e as provas também) não há muito a pensar – vamos mesmo para tribunal, mas por uma acção posta por mim por causa das tosses. Há dez anos ganhei um julgamento assim, com pressupostos muito idênticos, numa história recambolesca. Se vai ameaçar alguém, pense duas vezes, cuidado com aquilo que deseja, pode torna-se realidade.
A maioria pensa e age olvidando consequências, e pergunto-me todos os dias se não é um reflexo da nossa justiça e tribunais disfuncionais.
São aqueles com quem discuto as questões terrenas e as absurdas; com quem já apanhei aviões, barcos e comboios e dei a volta ao mundo em viagens que não esquecerei; com quem já ri e algumas vezes chorei; a quem telefono quando tenho notícias boas que só desejo partilhar com alguns; os que têm sempre um lugar à mesa para mim; que estão presentes quando subo ao palco; que não têm medo de chamar as coisas pelo nome; os que confiam na minha palavra contra ventos e marés por a conhecerem bem. São, acima de tudo, as minhas pessoas, a minha família – loucos, bondosos, geniais, originais, imprevisíveis, únicos, cada um com a sua obsessão, os seus desgostos e vitórias. Esta noite encontrei um deles no meio de um evento social e depois do abraço da praxe fiz-lhe a pergunta de rotina – que tens andado a fazer nos últimos meses?, respondeu-me prontamente – sexo.
Um blog que ajuda a compreender o fenómeno de stalking ainda desconhecido pela maioria e que pode passar pela perseguição via internet ou pessoal, controlo da vida da vítima e dos seus familiares ou amigos, exposição da vida privada, devassa de dados confidênciais, e até ameaças ou atentados à integridade física. Obrigatório ler.
Na ficha técnica do romance Macau, do escritor francês Antoine Volodine, editado por estes dias pela Sextante (do grupo Porto Editora, que aplica com raras excepções o Acordo Ortográfico), pode ler-se: «Por decisão do autor, o presente livro não segue o novo Acordo Ortográfico. (...) mas não deixa de ser extraordinário que um autor de língua francesa seja mais aguerrido na defesa das nossas consoantes mudas do que muitos escritores portugueses, indiferentes ou cúmplices perante as amputações e alterações absurdas à grafia da língua.» via Bibliotecário de Babel
Writers of fiction are collectors of useless information. William Trevor
Na famosa discussão entre F. Scott Fitzgerald e Hemingway, era o primeiro – que dizia que os ricos eram diferentes – que tinha razão. Os ricos são diferentes, não apenas por possuirem mais dinheiro, mas por terem uma atitude especial perante a vida. (...) Lembro-me de quão austera era a educação que davam aos filhos e, em geral, quão comedido era o consumo doméstico. A ostentação era tida como uma possidoneira de quem recentemente havia adquirido dinheiro. (...) As festas que davam eram tão comedidas quanto à indumentária. Maria Filomena Mónica, Expresso.
A empresa Setestrelas foi apanhada nas investigações do processo do superespião Jorge Silva Carvalho, uma história com ingredientes e protagonistas dignos de um livro de John Le Carré, numa teia que envolve relações perigosas entre espiões, políticos, proprietários de grandes grupos de comunicação social e jornalistas.
Writing is a socially acceptable form of schizophrenia.
We meet the places we wind up loving much the way we meet the people we fall for: on purpose and accidentally; at precisely the right moment and exactly the wrong time; in the highest of spirits and the lowest of moods.
Troquei os horários durante um dia, mercê de uma agenda extenuante, e acabei a jantar às 4 da manhã e a adormecer de óculos postos em cima dos papéis que estava a ler. Sonhei que seguia a bordo de um avião que fez uma paragem numa rua em Lisboa onde aproveitei para fumar um cigarro. Poucos segundos bastaram para nas minhas costas o avião levantar voo com os meus pertences mais valiosos a bordo. Fico na rua a coçar a cabeça e a congeminar como é que poderia resolver a situação, quando, como por magia, o avião regressa. Torno a embarcar e aterro no Brasil, mas não era o país do samba e copacabana. O meu Brasil é um país absurdo, de pessoas, sitios e situações mirambolantes, mas com uma alegria furiosa também. Quando acordo percebo que disse Brasil, como poderia ter dito Escandinávia, é só um país inventado que visito à noite, um país feito à minha medida.
Uma sociedade que lê boa literatura é menos manipulável.
É sabido que, para compor a Dublin do emblemático 16 de Junho de 1904 de Ulisses, James Joyce (1882-1941) se muniu da edição desse ano do Thom’s Directory, directório de todos os imóveis residenciais e comerciais da cidade e respectivos proprietários. Em 1922, quando publica esta que é a sua obra-prima (a par do mais audaz desafio modernista, Finnegans Wake, de 1939), o escritor tem 40 anos e defende que, se algum dia a sua cidade natal for destruída, poderão reconstruí-la tijolo a tijolo a partir do seu romance.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES