Rodo o globo várias vezes, percorro mapas, comparo latitudes e valores, espeto o dedo ao calhas no mundo. Tenho tempo, dinheiro e vontade. Posso ir a qualquer sítio dos cinco continentes, com alguns constrangimentos é certo, como a data para regressar, mas ainda assim diria que é uma oportunidade rara. Vasculho tudo, e depois viro-me do avesso também. Na verdade, quando tudo é possível, resta-nos a escolha do nosso desejo mais sincero.
Quando vi o nome no mapa não hesitei mais. A escolha recaiu na única cidade do mundo que habita dois continentes. Há um motivo muito forte para ter sido a eleita, há dois anos que escrevo um texto em que parte da acção está ligada a esta cidade que nunca percorri. Vejo fotografias, mergulho na história, nas guerras, nas mudanças de nome, nas datas, aprendo palavras estranhas que tenho de escrever num caderno sob pena de não as decorar. Decido. Os planos transformam-se em objectivos.
Por último, esta viagem fecha um ciclo, o das cidades das sete colinas. Depois de Lisboa – cidade-partida eterna em mim –, e Roma, onde me perdi ao tentar encontrar o regresso, viajo em direcção à última cidade. Em tempos foi chamada de Cidade das Sete Colinas, Nova Roma e também Porta para a Felicidade, o que não deixa de ser um bom presságio para a minha viagem maior.