Domingo, 18 de Julho de 2010

 

Mais do que uma boa história, uma forma magistral de a contar. 

Jorge Leitão Ramos, Expresso, 17 Julho

 

 

A sério? Não senti nada. Para um filme do Roman Polanski esperava muito mais do que este chorrilho de clichés. Além de não dignificar em nada a minha profissão. Quando eu deslindo intrigas internacionais, para mais envolvendo a CIA, não fico por buscas no google. Uma oportunidade perdida para uma abordagem mais profunda do estado da política, os tentáculos do poder e evocar a figura de Tony Blair e a sua intervenção na Guerra do Iraque. Nem vale a pena comentar que qualquer comparação do argumento do filme à situação actual do realizador é no mínimo confrangedora. Não bastasse o argumento ser uma sucessão de bocejos (tal como o manuscrito da biografia, peça central de todo o argumento) a escolha de actores é uma piscadela de olhos descarada ao público feminino. E não pensem que falo apenas de Ewan McGregor ou Pierce Brosnam, essas carinhas larocas perdem toda a relevância quando sabemos que o terceiro papel foi atribuído a Kim Cattrall. O Francisco Ferreira no Expresso a partir de uma entrevista a Ewan McGregor chega à conclusão que Polanski acertou em cheio no casting para o seu ghost [writer] mas não menciona nem uma única vez esta evidência no casting. As regras do jogo mudaram e nisso Polasky é um mestre de cerimónias. Numa assentada situou o filme na América e fabricou uma absolvição colectiva inconsciente. É um tiro à opinião pública feminina americana que vai ser preciosa no seu percurso se tudo o mais falhar. A julgar pelas quatro estrelas atribuídas no Expresso parece que funciona, em duas páginas de crítica nem uma menção ao facto de Polasky ter saído da prisão domiciliária e escapado à extradição para os EUA na passada segunda-feira e a verdadeira mensagem do filme. Jornais para quê? 



publicado por afonso ferreira às 20:25 | link do post | comentar

5 comentários:
De Lívia a 19 de Julho de 2010 às 15:09
Ainda não vi o filme, mas já tinha ouvido falar que não estaria à altura da restante obra. Quanto ao truque de derreter a opinião publica feminina americana de que falas, é de facto brutal, o truque e a análise que fazes. Será que no que toca pelo menos a crimes como o de abuso sexual de menores, nós não seremos uma aldeia global com poder de pressão? Ou é só para vermos todos os mesmos canais de séries e beber coca-cola em barda?


De cristina gomes da silva a 20 de Julho de 2010 às 18:14
Também não me arrebatou. Salva-se aquela "casita" com vista para o mar e o lindinho do Ewan McGregor. De resto...nope


De afonso ferreira a 20 de Julho de 2010 às 20:49
Para mim salva-se a casa e a colecção de arte.


De cristina gomes da silva a 20 de Julho de 2010 às 21:07
pois foi, esqueci-me dos objectos de arte, sim, senhor


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