Mais do que uma boa história, uma forma magistral de a contar.
Jorge Leitão Ramos, Expresso, 17 Julho
A sério? Não senti nada. Para um filme do Roman Polanski esperava muito mais do que este chorrilho de clichés. Além de não dignificar em nada a minha profissão. Quando eu deslindo intrigas internacionais, para mais envolvendo a CIA, não fico por buscas no google. Uma oportunidade perdida para uma abordagem mais profunda do estado da política, os tentáculos do poder e evocar a figura de Tony Blair e a sua intervenção na Guerra do Iraque. Nem vale a pena comentar que qualquer comparação do argumento do filme à situação actual do realizador é no mínimo confrangedora. Não bastasse o argumento ser uma sucessão de bocejos (tal como o manuscrito da biografia, peça central de todo o argumento) a escolha de actores é uma piscadela de olhos descarada ao público feminino. E não pensem que falo apenas de Ewan McGregor ou Pierce Brosnam, essas carinhas larocas perdem toda a relevância quando sabemos que o terceiro papel foi atribuído a Kim Cattrall. O Francisco Ferreira no Expresso a partir de uma entrevista a Ewan McGregor chega à conclusão que Polanski acertou em cheio no casting para o seu ghost [writer] mas não menciona nem uma única vez esta evidência no casting. As regras do jogo mudaram e nisso Polasky é um mestre de cerimónias. Numa assentada situou o filme na América e fabricou uma absolvição colectiva inconsciente. É um tiro à opinião pública feminina americana que vai ser preciosa no seu percurso se tudo o mais falhar. A julgar pelas quatro estrelas atribuídas no Expresso parece que funciona, em duas páginas de crítica nem uma menção ao facto de Polasky ter saído da prisão domiciliária e escapado à extradição para os EUA na passada segunda-feira e a verdadeira mensagem do filme. Jornais para quê?
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