Sábado, 14 de Agosto de 2010

 

Conseguiria eu escrever literatura de viagem? Talvez, mas seria um fracasso. Se viajo interessa-me o particular, muitas vezes invisível. Não ser visível não é um acaso - ninguém querer saber costuma ser o motivo mais frequente. Para escrever teria de fingir, olhar para o concreto, alinhar palavras numa luta comigo próprio, sempre a aplacar o desejo de as baralhar. Trago comigo imagens, considerações, conselhos e recomendações alheias. Falaram-me do desleixo da terra, as carcaças no mar, a probreza a abanar ao vento. Chego à ilha e viajo em estradas novas, bem sinalizadas, os traços e linhas visíveis na escuridão. A recepção do hotel transpira conforto e modernidade. Tudo pronto, rápido, eficiente. No bungalow repete-se o mesmo cenário. Conforto, modernidade e - arrisco - design, essa palavra que empesta sem clemência o mundo moderno. Dizem-me que África tem três velocidades - lento, muito lento ou parado. Ando na rua e observo as pessoas a trabalhar - eficientes, seguras, simpáticas. Afinal, que velocidade é esta que desconheço no meu próprio país?


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publicado por afonso ferreira às 15:03 | link do post | comentar

2 comentários:
De AclaQue a 15 de Agosto de 2010 às 01:28
gosto mesmo de te ler..boa viagem, seja ela qual for :-)


De afonso ferreira a 18 de Agosto de 2010 às 23:39
Obrigado AclaQue. abraço


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