Vinham os dois a discutir rua abaixo em voz alta. Um chateado a reclamar do mau trabalho do outro que seguia cabisbaixo, a tecer desculpas, a justificar em palavras sumidas. O ladrão revoltado não se conforma, farta-se de trabalhar, labuta pelos dois e no fim tem de repartir os lucros. O mal do outro é contentar-se com dez, ele quer cem, pensa em grande. Não é justo no fim a divisão ser feita em partes iguais. Nem para estar à coca serve, por pouco eram apanhados, eles a meio da missão e o carro da polícia a morder-lhes os calcanhares. Um inútil, é o que é, nunca há-de ser um profissional.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES