Calhou descer a colina, devagarinho, com o sol a bater inclemente. Rua abaixo, a deslizar entre o jardim, o trânsito, o hospital, as lojas de revenda, os móveis em segunda mão, o caos do mundo. Depois o Martim Moniz, não tivesse ele ficado entalado na porta e não estaria aqui a pisar esta cidade em forma de implosão.
Na realidade, parece que este bocado urbanístico ganhou o gosto pela tradição e ficou todo ele entalado numa porta. Os prédios encavalitados, as escadarias, a cacofonia, a igreja, os centros comerciais, o hotel, a obra-prima da EPUL. A imagem perfeita do desleixo a que esta cidade foi votada, parece que faltou o cimento e foi tudo corrido a agrafos.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES