Praga da Figueira, 1885
Se me pedirem para escolher o mercado mais bonito de Lisboa, não hesito a dar a resposta. É o mercado da Praça da Figueira. Demolido em 1949, foi com assombro que o descobri em plena adolescência numa gravura. Sei na ponta da língua a história do mercado. Recentemente juraram-me que depois de desmatelado tinha seguido para África mas nunca consegui verificar essa informação. Se existem muitas vidas, tenho a certeza que numa anterior andei por aqui, provavelmente a comprar um coelho para o arroz de cabidela. O mercado começou por ser a céu aberto, passou por várias remodelações, da luz eléctrica e arborização à estrutura de ferro com gradeamento e oito portas. Nos Santos Populares transformava-se num autêntico teatro. Era aqui a grande festa, vinham pessoas de todo o lado.
Mercado da Praça da Figueira, talhos e salsicharias em sábado de Aleluia, 1907
“(Maria Eduarda) viera indignada da Praça da Figueira, quase com ideias de vingança,
por ter visto nas tendas dos galinheiros, aves e coelhos apinhados em cestos, sofrendo (…)
as torturas da imobilidade e a ansiedade da fome.”
Eça de Queirós, Os Maias
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LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
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