Fotos de Garcia Nunes, 1970, Arquivo Fotográfico de Lisboa
A investigação dos mercados continua e hoje esbarrei no blog do Alexandre Pomar com o Mercado do Povo, antigo Mercado da Primavera, que realizava-se junto ao Museu de Arte Popular. Um texto do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria de Hotelaria dá-nos a conhecer a sua história. Não sei o que gosto mais, se do mercado ou do próprio texto, que é, em si mesmo, uma pérola. Os sublinhados são meus. A história é de nós todos.
1 de Fevereiro de 1975 – As autoridades do turismo do regime fascista organizavam todos os anos em Belém, perto do monumento aos descobrimentos e do Museu de Arte Popular, em Lisboa, uma iniciativa de promoção turística de características antiquadas, a que denominavam Mercado da Primavera. No mês de Junho que se seguiu ao 25 de Abril, os artesãos que aí expunham e vendiam os seus trabalhos, numa acção espectacular, cheia de incidentes, assumiram o controlo do espaço e solicitaram apoio do sindicato para ali continuarem em permanência, o que conseguiram.
No início de 1975, para garantir uma gestão organizada daquilo que se tinha transformado numa feira de artesanato, e instalar um restaurante a sério, em substituição das tascas de comes e bebes, o sindicato indicou o Amadeu Caronho que levou a tarefa a bom porto. O espaço passou a designar-se Mercado do Povo depois de assim ter sido baptizado por um dirigente do sindicato, numa assembleia-geral, em que um jornalista o questionou se estava de acordo em que a iniciativa continuasse a chamar-se Mercado da Primavera.
O Mercado do Povo passou a ser um local de referência, precursor dos bares das docas e da abertura da cidade ao rio, frequentado por sindicalistas, políticos progressistas, e pelos militares revolucionários do MFA e do Conselho da Revolução, que iam lá muitas vezes comer o seu petisco e beber o seu copo de tinto após as reuniões que faziam ali por perto.
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LEITURAS
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