Quando saímos a tempestade tinha suavizado mas vandalizou o que restava do Verão. As árvores estavam torcidas, os ramos tombados, as folhas ainda verdes em desalinho, era necessário um desvio constante aos charcos. Avançamos a pé pela avenida, falamos de cinema e guiões, à direita vislumbro o gradeamento. Grades talvez não seja o termo correcto. Não recordo a palavra. Arame, muito arame a cercar um quarteirão imenso. Vedação, talvez. Dentro do quarteirão não vejo a torre, não existe o edifício a escavar o céu. Em vez dele vejo carros e um pré-fabricado com o nome da firma. Carros em segunda mão e nada de betão. É como se faltasse um dente à avenida.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
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Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES