Pergunto: terei ainda tempo de conviver verdadeiramente com alguns gatos (ou cães, não discuto) decisivos na minha vida? Tentei, tive períodos harmoniosos, (...) mas depois a pressa, os atropelos da vida, a dispersão das casas, tornaram isso impossível, e ficou-me, mais uma vez, gatos, gatos e mulheres, o sabor do abandono, da traição, como que o bloqueio inexorável de uma fidelidade essencial, vai ser preciso inventar um tempo para isso, o tempo de uma casa junto ao mar, o tempo de uma lareira, tempo de focinhos húmidos e de fidelidades essenciais, tempo de poucos livros e rostos muito amados.
Eduardo Prado Coelho, Tudo o que não escrevi, Diário II
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES