De todas as influências na escrita do primeiro capítulo da telenovela, o Dallas segue na dianteira. Pelo argumento? Pela tonta da Sue Ellen? O maquiavélico J. R. Ewing? Nada disso. Um choque eléctrico é o culpado. Num sábado à noite, tinha eu menos anos que os dedos de uma mão, enquanto a minha família instalava-se confortavelmente na sala para assistir à soap opera, decidi espetar dois dedinhos numa tomada eléctrica. O choque foi de tal ordem que ainda hoje tenho sonhos com a música do genérico. Fiquei tão zonzo da descarga que a única acção possível foi desmaiar, perdendo para todo o sempre um episódio importantíssimo para a compreensão da saga. Felizmente agora existe o You Tube, que como esta manhã alguém afirmou, é provavelmente o sítio mais democrático de todos (P., esta é para ti). Não ter seguido imediatamente para as urgências é uma ideia tão idiota que só tem paralelo na vez em que, já adulto, sofri um acidente épico na Avenida 24 de Julho e decidi adormecer com um traumatismo craniano mais do que certo. Felizmente desse acidente aparatoso espero aproveitar a influência necessária para o primeiro capítulo de um romance.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
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Caixa para pensar – Manuel Carmo
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