Depois de um afastamento voluntário, uma pausa na mundanidade, volto e há mensagens, emails e telefonemas a responder. Ainda digo bom ano novo e desconfio que o vou fazer mais vezes. Contam-me casos preocupantes, divórcios, amizades desfeitas, problemas profissionais. Enquanto leio o Diário, no comboio ao longo do rio, torna-se inevitável pensar que à semelhança de 1941 os ecos da ocupação e dos campos de concentração infiltram-se na vida quotidiana. Lentamente, caminhamos para um ano horrível. Ouço e pouco digo, não tenho muitas palavras para oferecer neste momento, embora esteja contaminado por uma calma pouco habitual e esteja paradoxalmente esperançoso num ano que se adivinha infernal.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES