Estava sentada no patamar das escadas de saída do metro do Rato, não tinha menos de sessenta anos, ao seu lado pousavam gorros e pequenas flores de lã que vendia a quem passava. Contava moedas, fazia contas à vida. Ao pé de um pequeno carrinho tinha um cartão a pedir ajuda. Terminava com a palavra Bem hajam. Passei pela senhora e continuei caminho, voltei atrás, também eu contei moedas nas escadas do metro, dei-lhe as que tinha na carteira. Olhou para mim com o semblante triste e agradeceu-me. Bem haja, disse-me num fio de voz dorido e os olhos azuis cansados.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
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Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES