I.
Depois de quase ter renunciado à vida nocturna, recentemente vários eventos forçaram-me a sociabilizar a altas horas da madrugada em pistas de dança apinhadas. Várias considerações: é realmente muito difícil manter uma conversa junto a uma coluna de som; nunca vi ninguém bêbado com mau vinho que seja um santo quando está sóbrio; o contrário também se aplica; nunca ficar até amanhecer, e nunca, mas mesmo nunca, sair da pista directamente para a luz do dia; se beber não seduza.
II.
O número de amigos a chegarem do estrangeiro nas próximas semanas é avassalador. É quase como um segundo Natal ou um Agosto fora de tempo. Não sei se tenho agenda que chegue. O problema é quando começar a levar pessoas ao aeroporto. Nunca lidei bem com despedidas, se há sítio onde já percorri todas as emoções foi na zona das partidas na Portela. [Por falar nisso, nem tudo foram desgraças. Há uma despedida em particular que meteu um gato drogado dentro de uma caixa que foi uma beleza. Um dia destes conto.]
III.
Abro uma embalagem de iogurte, marca Royal, e no verso descubro a seguinte frase seguida do logotipo: "Não fabrica para outras marcas". E se dúvidas restassem, a seguir vem traduzida em espanhol. Como? Alguém consegue explicar-me? Agora é moda as marcas publicitarem desta forma? Faltam-me conhecimentos de marketing elementar.
IV.
Um filme que comece com o John Travolta a levantar da cama e a vestir uma farda militar antes do genérico não pode significar coisa boa.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES