Já entreguei despojos mais vezes do que desejava na vida. Cansa-me ainda mais os que nunca consegui entregar. A lista é bizarra – um prato de loiça, uma chave do correio, um livro, uma bateria de telemóvel. Despojos de algo que já não existe e deixou um rasto atrás. Mas o que gostava mesmo de conseguir entregar à proveniência são os despojos imateriais. Palavras, acções, loucuras.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES