Catorze anos e oito casas depois, já aconteceu muita coisa – mudei com tudo atrás, levei só com o que era essencial, deixei tudo para trás. Da primeira casa só tenho comigo duas coisas: os livros e uma garrafa de vinho de 1840. Se empacotar livros e carregar com eles não é tarefa doce, em relação à garrafa nem sei o que diga. Vivo em sobressalto com esta garrafa. Imagino que a parto, que cai do suporte e fica reduzida a cacos. Já sonhei que a bebia. Já tive pesadelos onde revirava a casa toda e não a encontrava em lado nenhum. Esta garrafa é a prova de que não podemos dar demasiado valor às coisas materiais e um sinal da minha demência.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES