
Hoje já não é a taxa de analfabetismo que temos de combater, são as novas formas de iliteracia. Há tempos, num artigo sobre novos media, alguém afirmava que o novo analfabetismo é a infoexclusão, já não se coloca a questão de compreender a linguagem, mas se tem acesso e domina a informação ou não. Neste campo estamos longe de um patamar aceitável. Defronto-me todos os dias na minha vida pessoal e profissional com casos gritantes de iliteracia e alheamento, não compreendendo na maior parte dos casos como é possível a progressão na carreira ou alcançar cargos de chefia. No último ano assisti a várias situações no mínimo caricatas. Um profissional reconhecido, e recentemente professor universitário, que não sabia escrever, com erros ortográficos de nível primário; várias pessoas que, depois dos bancos caírem e de meses de notícias na comunicação social, não faziam ideia da existência do BPP e do João Rendeiro; vários que vão trabalhar para os ministérios sem saber o nome dos ministros; uma pessoa que há poucos dias numa discussão política afirma de forma convicta que a Zita Seabra continuava a pertencer ao corpo dirigente do PCP. Poderia estar o resto do dia a dar exemplos. Todas as situações descritas implicaram pessoas com curso universitário, em alguns casos doutoramentos, e bem colocados em cargos profissionais. Ou seja, que estudaram, tiveram acesso, têm meios. Esta semana, a propósito da recente convulsão política, vivi mais uma situação no mínimo constrangedora. Na quarta-feira, a poucas horas do governo cair e depois de uma semana em que não se falava de outra coisa nos jornais e televisões, ao fazer menção ao facto numa conversa, alguém perguntou: "Queda do governo? Onde?". Por onde entende-se país. Este, o nosso, que não conhece a palavra exigência.
De Cristina a 14 de Abril de 2011 às 23:10
Hum... quererá isso dizer que aquele meu aluno, que frequenta um curso profissional na área de informática e gestão (ao nível do 11º ano) está no bom caminho para chegar a um desses cargos de chefia?! Não é por nada... mas a criancinha, utilizadora assídua e convicta do MSN e de jogos online (no seu computador e-escola), quando questionada acerca da possibilidade de me enviar um trabalho por e-mail (para ser corrigido antes da respectiva impressão) respondeu com a maior das canduras: "Ó stora, mas eu não tenho e-mail!"
por favor, coloque essa criança no bom caminho. é quase serviço público.
De Cristina a 12 de Maio de 2011 às 23:44
Bem... eu bem tento. E juro que dou o meu melhor... e a criancinha já sabe que tinha uma conta e-mail... e até já sabe enviar e-mails com anexos... mas deixe-me que lhe diga que é um quase serviço público exasperante!!! E com um jeitinho, daqui a meia dúzia de anos, a criancinha está a dar-me formação... uma daquelas reconhecidas pelo ministério que me tutela... qual é mesmo?!
De Maria Pascoal a 12 de Maio de 2011 às 18:02
Homem na Cidade...
Este seu post é mais um dos tais que eu considero absolutamente estonteantes...e que me atingiu de uma forma ...parece que foi escrito para mim...é assim uma coisa do género ...literal redução á insignificância..minha, obviamente!
Dado que é um blog público não vou entrar em pormenores mas...para que tenha uma noção afirmo que também faço parte desse grupo de alheados que sobre algumas coisas que referiu têem uma vaga ideia...lol...e errada, ainda por cima:-)))...
Parabéns , escreve espectacularmente!
Maria Pascoal
já sabe o que se diz, reconhecer o problema é meio caminho andado para o resolver :) obrigado pela mensagem. abraço
De Maria Pascoal a 13 de Maio de 2011 às 13:25
Pois é...tem razão!
Mas ...no meu caso pessoal não existe o dito problema porque é uma opção de vida...pode parecer estranho , mas é um facto...:-)
É assim um alheamento total de tudo o que em nada contribui para a minha evolução enquanto Pessoa e Profissional...e este "tudo" é muitissimo...exemplificando... em muitas coisas que leio aqui (nomeadamente as que deixei para o fim...sim porque eu já li o seu blog quase todo...)...lol...é como se eu comparada ao Homem na Cidade , tivesse 10 anos...lol
Mas...admiro muitissimo quem sabe tudo aquilo que eu não sei e lamento que em alguns casos não lhes seja dado o respectivo valor e reconhecimento, acho que mais que um dever seria uma obrigação.
Um abraço tb para si.
Maria Pascoal
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