I.
Desconfio do alarme de despertar do meu telemóvel. Mais dia menos dia vou tramar-me. Um dia o cabrãozinho vai ficar sem bateria, vai engasgar-se, ou simplesmente não tocar. A pensar nisso estive meia hora na secção de relógios de uma loja. Descobri relógios meteorológicos, relógios com os fusos horários do mundo inteiro, relógios de cozinha para o assado não estorricar, quadrados, às bolas... O único com que simpatizei era chanfrado. Quando pegava nele apitava descontrolado, o painel destrambelhava, uma desgraça. Demasiado temperamental para mim. Depois pensei que na realidade não precisava de um despertador, precisava era de um adormecedor. Saí da loja de mãos a abanar.
II.
Um trabalho que implicava enviar emails para o mundo inteiro, do Brasil ao Dubai, ocupou a maior parte da minha semana. Comprovo mais uma vez a nossa falha nacional em termos de produtividade e eficácia. Um email para o outro lado do mundo tem resposta no próprio dia, não obstante os fusos horários; em Portugal o mais certo é não receber resposta de todo. Para uma gestão mais eficaz do meu trabalho todas as mensagens tem um aviso de entrega. Querem saber quem é o campeão a apagar emails sem ler? O jornal i. Tirem as conclusões que quiserem.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES