Vi-te. Estavas na esquina a olhar para a montra da loja de tintas. Passei pé ante pé pelas tuas costas e gesticulei até sentir cãimbras para conseguir parar um táxi. Imaginei-te a escolher a cor com a qual vais pintar paredes que nunca conhecerei. Aposto que vais decidir pelo azul acinzentado, céu à espera de tempestade. Ao entrar no carro não resisti a olhar e vi-te à espera na passadeira. O corpo ao vento. No táxi em movimento apeteceu-me mergulhar num gigantesco balde de tinta verde.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
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Caixa para pensar – Manuel Carmo
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CIDADES