I.
De um corpo de robustez comprovada acima da média, que raramente dá chatices ou precisa de grandes manutenções, faço uma peritagem aos achaques do último ano e esbarro numa estranha constatação. Tudo o que sucedeu, de alergias a dores, manifestou-se no lado esquerdo do corpo. Felizmente o coração encontra-se de boa saúde.
II.
O lado direito pondera pedir a independência. Afirma que o lado esquerdo é maricas.
III.
Se o meu corpo fosse o país – cabeça no norte, pés no Algarve –, poderia fazer um paralelo entre as maleitas do corpo e a queda do governo. Não o vou fazer por ser uma ideia perigosa em termos de saúde futura.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES