O dia não nasceu de feição, parece que choveu enquanto a cidade dormia. Depois foram os pequenos-grandes problemas quotidianos a tratar, volta aqui, volta acolá, e lá se foi resolvendo enquanto as horas passavam. Tinha a convicção que o melhor era fugirmos do asfalto rumo ao mar, mesmo que a coisa não prometesse. Lá fomos pela marginal fora paralelos à linha azul enquanto imaginávamos explorar novos poisos. Junto ao mar decidimos ficar por ali, estender as toalhas de riscas azuis perto das miúdas que brincavam com os seixos num fortaleza castelo que crescia pedra a pedra. Enquanto lia sobre um verão não muito azul em Istambul há três décadas, tu adormeceste, e o tempo parou. Mais tarde, percorremos a pé o caminho até à vila, ida e volta em conversa amena. Encontrámos uma casa feita de paredes de vidro e areia e entrámos. Acho que não voltámos a sair.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES