Quinta-feira, 14 de Junho de 2012

 

 

 

Manhã cedo, ainda de olhos fechados e a arrastar os sonhos pelo cordel, entro no café do meu bairro para pedir um jarro de cevada. A consternação é geral, entre os donos e os vizinhos, a D. Júlia finou no dia do santo padroeiro. Ainda há pouco ali estava no café a rir e a falar pelos cotovelos, e agora isto, esta morte tão inesperada. Uma coisa assim, fulminante. A quem chegava em busca de notícias distinguiam qual das Júlias, nome comum no bairro, a morte tinha convidado – a que deram como morta quando caiu o candeeiro. Depois ouvia-se um ahhhhh triste e mais considerações sobre a porcaria da morte que chega sem aviso, tudo distraído com os balões e a morte a chegar sem ninguém dar por nada, malvada. Aparecia mais um vizinho e a conversa recomeçava outra vez – morreu a Júlia do candeeiro – ahhhhh, grande gaita. Ainda há pouco a vi a comprar cerejas.



publicado por afonso ferreira às 11:54 | link do post | comentar

2 comentários:
De isabel a 14 de Junho de 2012 às 12:44
Entrou-me.
Gosto quando um pequeno texto anuncia um grande conto....


De golimix a 18 de Junho de 2012 às 19:44
E ela que entra inesperada... a morte, sem aviso, sem maneiras! Quem pensa ela que é? E se alguém tiver a coragem de a mandar embora?
E se alguém disser que não a quer ver?
Que vá sozinha, que aprenda a sentir-se só, para que quer ela companhia para vaguear no escuro, só porque tem medo e frio! Covarde é o que é!

....

E fico assim...
....

parabéns pelo espaço

LMaria


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