Troquei os horários durante um dia, mercê de uma agenda extenuante, e acabei a jantar às 4 da manhã e a adormecer de óculos postos em cima dos papéis que estava a ler. Sonhei que seguia a bordo de um avião que fez uma paragem numa rua em Lisboa onde aproveitei para fumar um cigarro. Poucos segundos bastaram para nas minhas costas o avião levantar voo com os meus pertences mais valiosos a bordo. Fico na rua a coçar a cabeça e a congeminar como é que poderia resolver a situação, quando, como por magia, o avião regressa. Torno a embarcar e aterro no Brasil, mas não era o país do samba e copacabana. O meu Brasil é um país absurdo, de pessoas, sitios e situações mirambolantes, mas com uma alegria furiosa também. Quando acordo percebo que disse Brasil, como poderia ter dito Escandinávia, é só um país inventado que visito à noite, um país feito à minha medida.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES