Nos restaurantes discutimos
qual de nós pagará o teu funeral
ainda que a verdadeira pergunta seja
se farei ou não de ti um ser imortal.
Neste momento só eu
posso fazê-lo e assim
levanto o garfo mágico
sobre o prato de carne e arroz frito
e cravo-o no teu coração.
Há um pequeno estalido, um zumbido
e da tua própria cabeça fendida
emerges incandescente;
o céu abre-se
uma voz canta O Amor É Uma
Coisa Esplendorosa
circulas suspenso por cima da cidade
com um fato azul e uma capa vermelha,
os teus olhos brilhando em uníssono.
Os outros comensais olham-te
alguns com temor, outros só com aborrecimento:
não conseguem decidir se és uma nova arma
ou apenas outro anúncio.
Quanto a mim, continuo a comer;
gostava mais de ti como eras,
mas tu sempre foste ambicioso.
Margaret Atwood
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES