Comecei por pensar que estava a sofrer do clássico sídroma da página em branco mas depois percebi que não era isso. Vagueei pela casa em busca de qualquer coisa que não conseguia definir até encontrar um velho caderno de desenho de folhas grossas em formato cavalete. Abandonei-o e voltei à busca. Nos rolos de cartão antigos que viajaram do antigo atelier de arquitectura para o meu escritório encontrei finalmente o que procurava. Desenrolei folhas da altura de um homem que só no chão consegui estender depois de afastar móveis e finalmente peguei na caneta. Escrevi e risquei até sentir os joelhos a ranger, um cotovelo a chiar e a cabeça a pesar. Um mapa de vida não cabe numa folha qualquer.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES