Subitamente, os comprimidos começaram a fazer efeito. Ou a medicação foi ajustada, não sei bem. Então, o fervor com que escreve insultos encriptados renasce. Acorda cedo, excessivamente cedo, as madrugadas oferecem-lhe a confiança que lhe falta no resto – com as mulheres, na cama e fora dela; e acima de tudo na escrita. A ficção nunca será um território conquistado, mas sabe que se misturar habilmente citações estratégicas de autores famosos com duas ou três piadas de esquina, algumas pessoas nunca deixarão de aplaudir por piedade. No fundo, entre os comprimidos e as palmas conquistadas a lágrimas e suor, pode sobreviver mais uns meses. [O idiota]
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES