Domingo, 7 de Outubro de 2012

Estão todos consternados, de cara à banda, não ouço falar de mais nada. A tragédia, a notícia inesperada a alastrar pelos jornais, as fotografias-chave do percurso, uma carreira tão promissora, um fulgor na juventude, o mundo nas suas mãos, a adulação, o poder. E também as más fotografias, as histórias lamentáveis que saíram na imprensa, o declínio, o corpo inchado de anos e anos de drogas, os amigos em retirada veloz – tudo a surgir à tona outra vez. Há sempre uma história, quase banal que o mal não tem muita imaginação; uma série de más escolhas, uma coisa levou a outra, todos sabem o rosário, culpa da depressão que durou anos, o cair nas mãos dos outros, as veias entupidas de coca, o fígado a liquefazer, o coração a rebentar uma noite esmagado pelos excessos todos do passado. Todos a afirmarem que eram gigantes, e, afinal, a verdade é serem os mais francos do grupo, enjaulados na sua escuridão, uma fraqueza insuportável aos próprios, eis a raiz de tudo – os fortes caem sete vezes e levantam-se oito. Quantas vezes já vi isto? Perdi a conta, sempre o mesmo calvário a finar da pior maneira.

 

 



publicado por afonso ferreira às 23:18 | link do post | comentar

1 comentário:
De Fátima Soares a 8 de Outubro de 2012 às 00:08
Olá, boa noite suponho que fala de margarida Marante. Sim! Nem todos quando nascem a conjunção está "alinhada" podia ter sido uma excelente profissional uma mulher insubstituível quase e no entanto na vida (privada) uma falha colossal e talvez porque todos à volta contribuíram e ela não conseguiu desligar-se. Foi-se entregando. É terrível perceber e vero declínio do ser humano e como no fundo esta máquina cérebro comanda e o coração faz o resto! Como eu dizia, amar não interessa a ninguém. Deixamos de ser livres quando começamos a amar. Perdemos tudo até a objectividade. Não fazia muita falta...Sentir desse modo. Desejo-lhe uma boa semana espero que não se aborrecesse por ter sugerido o seu blog e não aborreça por o comentar agora. Muito obrigado.


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