Esta noite enquanto oscilava entre este mundo e o outro no meu sono pouco profundo, tu vagueavas pela casa acordado na tua ronda de vigília aos problemas do mundo. Aproximaste-te da cama com um livro na mão e disseste. Não estás a ver a solução porque estás demasiado próximo da história. Tu sabes que o arquivo não tem salvação, deixa-o ir, há-de ser consumido no incêndio. Tens de ir à praça novamente. Volta à igreja de São Domingos, é ali que está o final que procuras. O homem espera por ti à porta. Já sabes o que tens de escrever. Salva o homem e o miúdo. Precisas de colocar corpos no incêndio no vosso lugar para que possam partir em paz. Depois ficaste em silêncio à espera que adormecesse. Quando acordei recordei com nitidez as tuas palavras enviadas de tão longe, um oceano de distância, e caminhei pela cidade em direcção à igreja.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES