"Cruzo-me, ao longo da minha vida, com milhares de corpos; desses milhares posso desejar umas centenas; mas dessas centenas, não amo senão um. O outro por quem estou apaixonado mostra-me a especialidade do meu desejo."
Fragmentos de um discurso amoroso, Roland Barthes
Do livro escorreu areia fina e o cheiro a maresia do verão em que o li. Não recordo se estava apaixonado. Volto a ele numa tentativa de deslindar alguns discursos amorosos que vou reconhecendo à minha volta. Na fadiga que observo em alguns, relações que se sucedem sem final feliz; noutros a procura insensata de um objecto amoroso que tarda em comparecer; a doença do amor fulminante, a loucura, a desilusão. A especialidade dos desejos dos outros reflecte a pouca dos meus. Troco a particularidade pelo improviso. Prefiro a morte e ressurreição ao pacto com o diabo da demanda cega. Prefiro mergulhar do que lamentar na minha morte não ter amado.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES