Terça-feira, 25 de Maio de 2010

 

Há um risco calculado em decidir conhecer fisicamente alguém que só conhecíamos virtualmente. Esse encontro pode ser fatal, podemos tropeçar numa paixão, podemos acabar ao estalo, é imprevisível. O que é previsível até à medula é que haveremos de nos enganar vezes sem conta. As amizades – como o amor – partem sempre de pressupostos nossos, não da realidade concreta. Não existindo manuais para lidar com tais situações, que nos ensinem a ver para além das aparências e nos salvem de nós próprios, estamos à mercê do vento. Alguém dizia-me que o ideal era termos forma de conhecermos alguém sem a conhecer mesmo, como escutas telefónicas à pessoa até formarmos uma opinião estável. Como qualquer tentativa de vigia causa-me urticária proponho métodos alternativos. Leitura integral e intensiva das cartas amorosas trocadas ao longo da vida e de toda a biblioteca com especial atenção nos sublinhados. Bisbilhotice ao cabaz de compras no mercado. Avaliação atenta aos animais de estimação, se não existirem tomar em atenção esse factor também. Uma dúzia de vídeos onde a pessoa fale extensamente de vários assuntos, de política à problemática do acasalamento. E depois disso tudo e de muita ponderação, talvez, um dia podemos combinar um blind date.



publicado por afonso ferreira às 01:02 | link do post | comentar

6 comentários:
De Isa a 25 de Maio de 2010 às 04:31
:) Há um livro muito bom que explica porque é que isso acontece. chama-se decifrar pessoas, versão brasileira. O original é americano. escrito por uma mulher cuja profissão é escolher juris pros julgamentos. n só mas também.


De Cristina Gs a 25 de Maio de 2010 às 07:52
Sim, sim, mas quando não se arrisca nunca se sabe nem o que se poderia ter ganho nem o que não nos faria diferença...:-)


De Anónimo a 25 de Maio de 2010 às 11:29
Transferimos desde sempre a responsabilidade dos nossos actos para outros: natureza, Deus, os outros... mas nunca para nós mesmos. Isso diminui a nossa Liberdade. Não há refúgio para a nossa consciência que vê com clarividência o sofrimento do seu presente (O Inferno são os outros - Sartre) . Este sofrimento é a tomada de consciência de que estamos condenados a ser livres Não abdiquemos da nossa responsabilidade por causa da acção dos outros pois nada mais nos resta: nós somos liberdade e isso é intransferível.
Fala do risco do conhecimento.Se experimentamos a ignorância ficamos ainda pior.


De Anónimo a 25 de Maio de 2010 às 11:30

sou a a anónima mceurodrigues


De Primavera a 26 de Maio de 2010 às 13:02
Ah o desafio que pode ser o imprevisivel !
Já o previsivel dá-me fastio....




De Mar a 29 de Maio de 2010 às 15:34
...que aí, nessa circunstância, já não será assim tão blind...

:-)


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