Poderia pensar-se que a pior raça de homens fossem os difusores de boatos, mas não: há também os difusores do vício. Nada mais nocivo que ouvi-los falar: mesmo que as suas palavras não criem raízes de imediato, deixam pelo menos na alma algumas sementes que perduram em nós quando nos apartamos deles, para mais tarde ressurgirem em força. Quem assiste a um concerto leva consigo nos ouvidos a doce melodia da música, que perdura e impede a reflexão, e não deixa fixar a atenção em coisas mais sérias; do mesmo modo a conversa dos aduladores e entusiastas do vício permanece no ouvido muito depois de a ela termos assistido. E não é fácil expulsar da alma esse som tentador: ele continua a ressoar em surdina, acudindo-nos periodicamente à ideia. Devemos, por conseguinte, cerrar os ouvidos a tão perniciosas conversas, e logo desde o início, pois assim que lhes damos acolhimento elas crescem de atrevimento.
Cartas a Lucílio, Séneca
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES