Uma vez recebi uma carta que ainda jaz em alguma gaveta que rezava assim. (...) Ainda agora espero que a porta abra e sejas tu. Que voltes atrás, que reconsideres. Gosto muito de ti, mas gosto ainda mais de mim.
Recebi uma carta hoje onde é pedido que resuma o meu percurso em poucas linhas. Duas horas e três rascunhos depois rendo-me às evidências. A minha vida não cabe em linhas.
Poema inacabado e inédito do marido da poetisa, Ted Hughes, revelado recentemente, revisita os últimos momentos de Sylvia Plath e os acontecimentos dos dias anteriores, quando ele recebeu, antes do tempo, uma nota de suicídio. Last Letter é uma espécie de epílogo perfeito para uma tragédia de contornos shakespearianos: uma confissão.
Às vezes receio que depois da minha morte desenterrem as coisas pirosas que escrevi para ti. Principalmente as que acabam em inho. Mas continuo a escrever e a enviar por não conseguir negar palavras.
Chegou ontem. Tive de ler várias vezes o destinatário. Um Homem na Cidade. A minha primeira carta e logo com um convite para um jantar. Ao abrir o envelope rasguei o véu entre a realidade e a ficção.
Eu, que se pudesse escrevia várias por dia, que aufiro o meu grau de empenho nas relações amorosas e ódio canino a algumas empresas e serviços pela quantidade enviada, descobri este post do Renato Teixeira no 5 dias a propósito de uma carta de amor. Já li duas vezes o post e declarei que esta é a frase do dia:
“O ideal era que estivesses interessado por mim senão vou ter que mandar uma carta ao outro. Tu é que sabes.”
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES