Fugir a meio do dia em boa companhia rumo ao mar, voltar com os cabelos revoltos e o corpo em sal, e o relógio ainda marcar 16h30.
Chegou o convite para o baptizado e fiquei comovido a olhar para o papel. O jovem em questão faz parte do lote da primeira fornada, os primeiros que tomei conta, os que já opinam, tocam instrumentos, fazem desporto, têm personalidades vincadas e a quem adivinho futuros cheios de possibilidades. Hoje passei a hora de almoço com um da última fornada, dois dentes novinhos em folha, fralda borrada de meia em meia hora. Passámos um tempo agradável, eu no sofá a ler papeladas chatas e ele na carpete a enfiar coisas esquisitas para morder na boca e a puxar a cauda ao gato. Assim ficámos os dois amenamente em silêncio, o sol de julho nas janelas, o gato a barafustar, a manhã a cair para a tarde.
Uma ecografia. Uma notícia feliz. Culpa minha e que feliz estou. Às tempestades seguem-se os dias doces, âncoras num mar agitado.
a minha língua é a pátria portuguesa
coisas extraordinárias do gabinete
grandes crimes sem consequência
pequenas ficções sem consequência
LEITURAS
Agora e na hora da nossa morte - Susana Moreira Marques
Caixa para pensar – Manuel Carmo
Night train to Lisbon – Pascal Mercier
CIDADES