Depois de esgotadas todas as tentativas – não conheço, escrevi ou recebi – de refutar o que já foi mais do que provado, surge o recurso à última cartada – o famoso é falso.
Sobre a noticia do pedido de demissão por parte da jornalista, no centro de toda a polémica com o ministro Miguel Relvas, só se pode concluir que tem toda a razão – perdeu a confiança que depositava no jornal onde trabalhava. O jornal, em vez a proteger, decide expor a sua vida pessoal (executando o que o ministro tinha ameaçado...) sem medir consequências do efeito dessa decisão na vida da jornalista. Para piorar as coisas, a informação é falsa (o companheiro não pertence à oposição). O que fazer num caso destes? Bater o pé. E a porta do jornal de permeio. É preciso ter coragem para tomar uma decisão destas numa altura de crise económica e a imprensa nas ruas da amargura – a coragem que faltou à directora do jornal e ao ministro para pedirem a demissão dos respectivos cargos.
Uma pessoa acompanha este caso e tem dificuldade em acreditar que possa ser possível. Depois do computador, agenda e telemóvel do 'superespião' terem sido revistados e encontradas provas inequívocas da sua má conduta; depois de terem sido provadas as reuniões e trocas de mensagens e informação com o ministro; depois de sabermos qual foi a moeda de troca para a obtenção do cargo na Ongoing; depois de tudo e tudo: o ministro continua em funções e afirma que a sua posição vai sair reforçada deste episódio; o espião-meia-tigela brinca ao Kung Fu Panda e diz que é uma vítima. Mas alguém é capaz de pôr esta gente na ordem? Quanto mais tempo temos de aturar esta gentalha corrupta e mal formada à solta? E as pessoas que foram vítimas do 007 que tiveram direito a ficha como nos bons velhos tempos da PIDE com dados pessoais que chegavam ao requinte de conterem informação sexuais? Quem é que nos protege desta gente? Mas está tudo doido?
a minha língua é a pátria portuguesa
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grandes crimes sem consequência
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